Idoso tem maior risco de infecção que o paciente jovem? A resposta é sim, e acho que todos conseguem perceber no dia a dia que isso é verdade. Mas a pergunta é por que isso acontece?
Vamos lá: já falamos aqui que o sistema imunológico do paciente idoso (aquele que é responsável por combater infecções) sofre algumas modificações, que resultam na menor eficácia para combater vírus e bactérias. Isso é o que chamamos de imunossenescência. Mas esse não é o único motivo. Envelhecer, por si só, não é uma doença. Mas os danos que se acumulam ao longo de uma vida toda fazem com que nossos órgãos e sistemas não funcionem mais como na juventude. Nos pulmões, por exemplo, a caixa torácica mais rígida e o reflexo de tosse diminuído facilita a ocorrência de pneumonia. Na pele, a falta de colágeno a deixa mais fina e, com menos suprimento sanguíneo, as infecções e úlceras de pressão podem ocorrer com mais facilidade. Outros fatores que se associam a infecção no idoso são a desnutrição, desidratação e residir em instituições de longa permanência.
Embora possa parecer inofensiva, a auto-medicação (com aqueles remédios que estão no balcão das farmácias) pode causar prejuízo a saúde de qualquer um mas, em especial, dos pacientes idosos. Tendo em vista que os idosos já são polimedicados e que o metabolismo dos remédios fica modificado pelo processo de envelhecimento dos rins e do fígado, a chance de interações medicamentosas severas é enorme. Um estudo norte americano mostra que cerca de 30 dos pacientes que deram entrada num serviço de emergência, 30% deles faziam uso desse tipo de medicação com algum efeito colateral possível associado. Uma parte importante da consulta em geriatria é revisar todas as medicações em uso e “enxugar” a prescrição, sempre que possível.
Ainda falando de medicações “inofensivas”… Muitas vezes os pacientes esquecem de mencionar na consulta o uso de suplementos e medicamentos “naturais”. Mas é importantíssimo questionar ativamente e informar sobre qualquer medicação em uso. Só como curiosidade: as cápsulas de alho (usadas popularmente para melhora do colesterol, antioxidantes e melhora da imunidade) estão associadas a maior chance de sangramento e devem ser suspensas 10 DIAS antes de qualquer cirurgia. Fique de olho, a maioria dessas medicações não é tão inócua quanto aparenta!